quarta-feira, dezembro 16, 2009

Coisas de Gritar

Uma frase citada num livro.

Um teste de uma antiga colega na mesa do escritório.

Um vestigio da passagem de um miúdo: assinatura no livro de visitas.

Encontro de ideias impossíveis que trepam para sair da boca:

"O paternalismo (estatal, médico, técnico, religioso, etc) oferece-se constantemente para libertar de si próprios os sujeitos cansados de se exercerem como tal.

(...)

Como nem tudo o que pode tecnicamente ser feito deve ser irremediavelmente feito, seria bom colaborar o mais possível na reinvenção dessa virtude aristotélica que se adequa à natureza trágica da peripécia humana: a prudência."(Fernando Savater, O Conteúdo da Felicidade)

(e contudo têm uma caligrafia tão serena)

terça-feira, setembro 15, 2009


Porque há coisas que podem acontecer amanhã e vai continuar tudo bem.

quinta-feira, agosto 13, 2009

A Meu Favor


«
A meu favor

A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer

A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.»

Alexandre O'Neill

sábado, agosto 01, 2009

Tradução para uma carta de amor


Entrego-me assim a ti sem mais nada. Eu não te amo da maneira como era suposto amar-te. Eu amo-te da maneira mais dolorosa, que é não poder concretizar o meu amor. Que é sentir este monstro dentro de mim e saber que não é nada. Que é sentir isto a invadir-me e saber que não tem valor.
E eu amo-te sem poder amar mais alguém. Este espaço que o que sinto por ti ocupa impede tudo o resto. Porque tu chegas-me sem seres nada, sendo-me tudo.
E eu desejava tanto que valesse alguma coisa. Queria tanto que bastasse. Este amar que me mata aos poucos por te magoar tão lenta e impiedosamente. Sugando tudo o que sou ou tenho ou quero.

E vejo agora isto. Fugir para quê se eu nem quero que isto acabe. se o que eu quero é que sejas para sempre minha. se o que eu quero é ser para sempre teu. se eu não quero mais ninguém?
Portanto perdoa-me, agora que eu me estou a dar a ti. Agora que eu digo que posso ser teu e para ti e estar tudo bem.
Este amor que não consegue prometer nada, que é só amar assim, a olhar e a sentir-te. Sentir o teu cheiro e os teus olhos em mim. E ouvir-te a rir e sentir-te feliz e sentir, por momentos, que eu nunca te magoei, que eu nunca te fiz mal e que tu estás tão bem. E eu estar feliz porque te sinto feliz.
Este amor que não exige nada, que apenas te propõe, te pede quase numa suplica:
- Olha, fica comigo. Sê para sempre minha,
sê para sempre assim. Eu não te quero, eu não quero mais nada, eu não quero mais que isto. Mas nunca te vás embora porque eu preciso de ti.

sexta-feira, maio 01, 2009

Angústia para o Jantar

- Esse vestido faz Chique!
- Obrigada. (sorriso quase)

Como tem piada ter medo e andar a correr atrás do autocarro (ufa, quase que não apanhava este) e ainda me faltam correr uns metros, acho que o motorista não é do tipo deseperar por mim. Outros virão. Talvez chegue atrasada ao Destino. Não, ao destino chega-se sempre a horas, quer seja o Rato ou outro.

Teremos que jogar sempre que solicitados, há que assistir com copas, trevos, espadas ou losângulos, quer se esteja a acabar de acordar ou a estudar para um teste.

«Ó filha! Só queria que visses a «pequena» que o meu marido arranjou! Tem pilhas de graça! Imita-me, como não podia deixar de ser... Já vai ao meu cabeleireiro e acabará por ir à minha modista!»

O objectivo é ficar sem cartas (mas há sempre uma debaixo de qualquer palavra)

domingo, abril 12, 2009


É como uma espécie de veneno.

Eu quero saber.
Eu quero ouvir cada palavra, observar cada gesto, ler cada letra. Beber cada gota.


sábado, março 28, 2009

(Notas)

Tanta coisa e nem sei o que dizer. Não sei...
Tenho de escrever no meu livro de finais. Mas perdi-me quando me apercebi que era um final.


Neste momento não sei de mim. E acho que sinto a minha falta.

Não tenho conseguido parar ultimamente. Não tenho querido parar. Quero continuar a correr e a dormir 5 horas por noite. Quero continuar a acompanhar cada minuto cansado de um programa de televisão ou de um livro ou de uma música. Quero continuar a sentir a tua falta.
Mas não posso...

Não posso continuar a deambular por o corredor daqueles camarins com um sorriso na cara. Nem nas laterais daquele palco, com o coração nas mãos e uma vontade de vomitar, na esperança de que...

Tenho de parar e saber de mim. Tenho de voltar e acordar. E sair deste estado de coma encoberto por tudo aquilo que tenho andado a fazer.

Não posso continuar aqui para sempre e tenho de saber para onde vou.

Não posso continuar a agarrar-me a esta indefinição.
Não posso continuar a organizar esta viagem.

quarta-feira, março 25, 2009

O Beijo.

De pé no peito da janela.

Ganha balanço e O salto:

a) Consegues acertar no carro, as pernas amortecem o balanço, bates com a cabeça, dói-te a perna partida e a cabeça tem sangue;

b) Não acertas no carro, a cabeça bate perto da porta e quando finalmente chegares ao chão já estás morto.


Se a vida espiritual existe então quero morrer ao sol. Ao sol das quatro horas da tarde, num dia qualquer, na relva de uma rotunda de subúrbio ou naquele bocado infinito (será assim tanta a diferença entre infinito e ínfimo?) que se vê da minha janela, numa soleira de qualquer porta.

Morrer perdoa-nos os pecados. O Que é Morrer?


Se me ensinaram a escrever "rapidamente", também o posso fazer para um lado qualquer, se já foi tudo dito posso continuar esse diálogo longo.

Um beijo, um cigarro... Qualquer coisa desse género. Como trocar os acentos ou apenas não os meter.

domingo, fevereiro 01, 2009

The human Footprint

"Nada trazemos de novo ao mundo nem nada levamos connosco."

E a única coisa eterna é o mar. A memória é a única coisa que perdura e a que podemos chamar nosso. Conclusões de um programa de Domingo de manhã.

(Depois de reduzir a nossa vida a números e toneladas de desperdicios. Depois de dizer que não somos materialistas, esses preocupar-se-iam com os materiais (origens, finais e tudo). A estatística não nos dá o sentido da vida, nem o GPS nos diz onde é "O Beirão". Números que transcendêmos com significados. Se não transcendermos os números (números, youtube, televisão, biologia, geologia, música, livros, filmes, palavras, ditados) acabamos como uma calculadora de bolso, movida a pilhas.(eg. copy).)



E de uma criança de 5 anos que nunca vai perceber nada de estatística.


Tudo tem a ver com o tempo. A nossa aceitação de que ontem já passou e que hoje é hoje. Já não temos 7 anos e aceitamos.

Ter a noção concreta dos segundos dá-me falta de ar.

quarta-feira, janeiro 28, 2009

"Prendes-me e dizes que me estás a salvar" ou Nos silêncios

O Silêncio faz-se de portas. O silêncio é caminho, não muro que se erga à sua volta.
E as portas sempre caiem para algum lado. O de (Lá) longe daquele ti. O silêncio são corredores compridos, palácios de mafra e outras coisas bem mais simples:




"E a mesma luz que nos guiou, que nos trouxe aqui, devolve-nos ao escuro(...)"








Há silêncios tantos como sons.

Ou Não. viste? De Quê?

terça-feira, janeiro 20, 2009

Chuva. Hoje.

Poder não é querer.

Namorar com uma pessoa durante muito tempo pode não ser falta de imaginação.

Não podes dar aquilo que não és.

Tudo isto vem da minha vontade de descrever a chuva, mas seria a chuva na mesma. Não se pode descrever a chuva. Porque ela é a mesma para todos, sendo diferente para cada um. E tudo isto ao mesmo tempo, como se fosse possivel.

A ciência do livro de F.Q. despreza o conhecimento intuitivo. O único que nos presta.