quinta-feira, agosto 26, 2010

Apetecia-me escrever aqui. Tenho coisas e por algum motivo quando as deixo no Krudélia e as leio parecem-me mais simples, mais fáceis de digerir. Mas sinto que estou há anos a falar das mesmas coisas, a escrever das mesmas coisas. Portanto também não sei se haverá algo para acrescentar. Há. Mas não me apetece. Hoje não me apetece tentar escrever algo bonitinho que possa ler para me sentir melhor. Hoje não me apetece resolver nada. Apetece-me apenas escrever qualquer coisa sem pensar muito, sem reler muito, sem tentar perceber se me estou a explicar bem. Hoje nem quero saber dos pontos finais. Também ninguém lê isto de qualquer das formas. Ainda não percebi qual é a diferença entre escrever aqui ou no word. Não sei se é a esperança de que a mensagem chegue à pessoa certa. Esperança não, esperança neste caso soa a desespero. Agora não me sinto muito desesperada. E se eu quero dizer algo a alguém devia dizer. Ou mandar um pombo. E não tentar fazer com que o destino actue de alguma forma e que aquela determinada pessoa se lembre de visitar este deserto na altura certa e que perceba instantantaneamente o que estou a dizer, como se me conhecesse a alma e soubesse os meus jeitos de dizer as coisas. E o destino é uma merda. E eu não quero que ninguém perceba nada disto. Iria soar a desespero e eu não quero o desespero. Portanto não sei porque não escrevo no word se não quero que seja nada disto. Talvez, como aqui corro o risco de ter público, as coisas que escrevo me pareçam mais reais. Como se pudesse dizer para mim mesma, pronto, é mesmo isto que sentes, agora vê se te entendes. Não importa. Criei um blogue, é meu (nosso) e eu escrevo o que eu quiser. E agora apetece-me escrever o que me vem à cabeça e não quero saber.
E queria falar de um sonho que tive. Não sei bem como mas tinha atropelado uma pessoa. Acho que não era eu que estava a conduzir e nem percebi muito bem as circunstancias porque acho que isto não chegou a decorrer no meu sonho. Mas uma pessoa morreu e parecia que tinha acabado de descobrir. Não estava sozinha, mas ninguém parecia muito incomodado. E eu achava que devia fazer alguma coisa. Então não sei bem porque mas estava à frente de um balcão de uma loja qualquer a pensar de devia dizer alguma coisa ou não. E então fiquei imenso tempo a sonhar com isto, eu parada em frente do balcão a pensar na minha vida. E fartei-me de pensar. Não me lembro dos pensamentos especificamente mas estava a pensar em tudo. Na minha vida. Na real, na que tenho fora do sonho. Pelo menos foi essa a sensação que tive. E as pessoas passavam e perguntavam-me se eu não queria nada e eu lá ficava na mesma, sem reagir. Imenso tempo do sonho, a olhar para lado nenhum. E acordei. Entrava um pouco de claridade pelos estores porque não estavam bem fechados. Estava um pouco afundada no colchão de ar e já tinha perdido a almofada. E o gato fartava-se de miar à porta.