sábado, agosto 01, 2009

Tradução para uma carta de amor


Entrego-me assim a ti sem mais nada. Eu não te amo da maneira como era suposto amar-te. Eu amo-te da maneira mais dolorosa, que é não poder concretizar o meu amor. Que é sentir este monstro dentro de mim e saber que não é nada. Que é sentir isto a invadir-me e saber que não tem valor.
E eu amo-te sem poder amar mais alguém. Este espaço que o que sinto por ti ocupa impede tudo o resto. Porque tu chegas-me sem seres nada, sendo-me tudo.
E eu desejava tanto que valesse alguma coisa. Queria tanto que bastasse. Este amar que me mata aos poucos por te magoar tão lenta e impiedosamente. Sugando tudo o que sou ou tenho ou quero.

E vejo agora isto. Fugir para quê se eu nem quero que isto acabe. se o que eu quero é que sejas para sempre minha. se o que eu quero é ser para sempre teu. se eu não quero mais ninguém?
Portanto perdoa-me, agora que eu me estou a dar a ti. Agora que eu digo que posso ser teu e para ti e estar tudo bem.
Este amor que não consegue prometer nada, que é só amar assim, a olhar e a sentir-te. Sentir o teu cheiro e os teus olhos em mim. E ouvir-te a rir e sentir-te feliz e sentir, por momentos, que eu nunca te magoei, que eu nunca te fiz mal e que tu estás tão bem. E eu estar feliz porque te sinto feliz.
Este amor que não exige nada, que apenas te propõe, te pede quase numa suplica:
- Olha, fica comigo. Sê para sempre minha,
sê para sempre assim. Eu não te quero, eu não quero mais nada, eu não quero mais que isto. Mas nunca te vás embora porque eu preciso de ti.

5 comentários:

Sir Viriato disse...

Querido e fofo.

Maria Nariz disse...

É tão bonito.

Já me leste este post e na altura pensei que não poderia ter sido melhor. Agora acho que a presença da autora é sempre um pouco constrangedora.

É constrangedora agora, neste momento em que tento mostrar-te o quão tocante é o teu texto e não consigo.

Quando for grande quero ser como tu.

Azulada Clara disse...

Obrigada :)
Tu és muito querida. E dizes sempre que queres ser como eu quando cresceres quando falo destas coisas. Mas não sei se te aconselho. Ainda sinto que tenho uma coisa muito bonita nas mãos, mas também sinto que tenho uma coisa muito triste dentro de mim. Triste no sentido de ser palerma.

Sr. Banana disse...

Comento com uma arma apontada à nuca. Não que não tenha gostado do texto, pelo contrário! Não sei é o que comentar...resta-me parafrasear o Sir Viriato: é como o Stich, Querido e Fofo.

Sr. Banana disse...

Querido e Fofo, mas também melancólico.