segunda-feira, outubro 08, 2007

Motas

Havia um centro comercial no saldanha.
Havia um piano nesse mármore. Naquela imensidão havia um piano ainda mais imenso e absoluto. Tão preto, tão piano, tão pausadamente. Silêncio.
Sempre o silêncio no piano.
E as pessoas a passar. E eu imagino uma rapariga ansiosa por ver alguém a tocar no silêncio e apenas vejo a multidão ego-combinada. Ainda para mais é ali o sitio onde se come.
O branco do chão, as escadas, o céu e o tecto que se estendem a uma altura considerável de escritórios e departamentos de ninguém.
O segurança que dá voltas sobre si próprio.
Sempre a moer o mármore. Ainda por cima ao pé do Burguer Ranch.
Sempre a moer. A moer. A lembrar, mudo, das palavras. As palavras que pronunciamos.
Numa hora suja como todas, entrou mais uma pessoa fora-do-ego-esquecida. Não reparou no que o piano...
E mais uma e mais outra. COMER COMER.
O piano. Estava alguém com ele. Pareciam intender-se.
Inrompia sobre o mármore. As pessoas fugiam para longe ou iam embora.
E o Homem continuava a prostituir-se para aquela gente.
Fazia amor com o piano.
No saldanha.
Joana Mega.

3 comentários:

Azulada Clara disse...

Para a Laurentina foi o êxtase quando viu o piano a ser tocado.

Recebi uma mensagem emocionada nesse dia!

Maria Nariz disse...

AHAHAH!
Pois foi...
Mas não digas isso. Os contos são ficção!
Isto é batota!

Azulada Clara disse...

Mas não!
Levas-te para todo o lado!