sábado, outubro 18, 2008

Cimento.

Sonhei e explodia com toda a gente. Não foi bem explodir e não sei se fui bem eu e não sei se as pessoas morreram de facto. Mas estava lá, assisti pacificamente a tudo aquilo. E se não fui eu, foi como se fosse. E caminhei, calmamente, a olhar os corpos. No final talvez apenas o receio de toda aquela destruição e saber que me tinha de ir embora.
Tudo não sei bem porquê. Queria ir, penso. Tinha de estar noutro lugar, com outras pessoas ou ir com outras pessoas. Penso. Pessoas que nem sei quem são, pessoas que nem têm interesse para mim. Outro lugar sem importância, a fazer algo dispensável.
Mas não estava confortável ali, algum peso sobre os ombros. Então deixei tudo aquilo cair, os corpos caírem, sem gritos, sem pó, sem agitação. Apenas os corpos no chão e os meus ombros livres. E em mim a agitação, o receio, a ansiedade. De partir.
E eu conhecia aquelas pessoas. E eu gostava daquelas pessoas. E estavas lá tu. Vi-te antes de os corpos estarem no chão. E estava lá a minha família. E eu passei por eles, talvez com alguma saudade. Mas só isso: Sem dor no peito, sem lágrimas nos olhos.

Já nem sei. Foi só um sonho.
Abandonar tudo por nada. Não sei se faz sentido.
Mas já estou farta. Sempre o mesmo tema inexistente. Sempre este dilema imaginado.
Este tédio existencial.

8 comentários:

Sir Viriato disse...

Normalmente os sonhos são apenas isso. Sonhos. Desprovidos de qualquer sentido, mas no entanto com um rol de emoções que nos parecem as mais acertadas para a altura... E pensar a meio de um sonho, será uma coisa deveras extraordinária.
Seria de uma inconsciência tal que terias que estar inconsciente que estavas consciente.

Ou então sonhaste que fazia sentido estares a pensar, ou a não pensar neste caso, em tudo aquilo que vias à tudo volta, guiando-te apenas por emoções que pensavas não serem as mais convenientes do momemnto...

Este tédio existencial... É capaz de durar para sempre... Desde que existas. É como o tédio da não existência, o tédio de ser árvore, pedra, cavalo, cão ou cabra... O tédio de teres que fazer isto, de fazer aquilo.
Existe sempre, mesmo que nada exista.

A realidade é fud*** mas a imaginação é uma p*** do ca*****.

Isto eufemizando claro.

PS: Mas ninguém, nem nada viveria sem ela...

Sir Viriato disse...

PPS: Esqueci-me de mencionar. A AzCl a fazer um textito. Sim senhor. Gostei bastante, e noto uma certa parecença com os textos da MN. Não uma parecença-semelhança, pois não têm nada a ver, mas o modo como estão elaborados, e do que falam, não sei. Há qualquer coisa que os aproxima. Curioso por acaso.

Eu acho que teria dificuldade em fazer uma coisa dessas...

E daí, talvez até achasse fácil e me desse extremo gozo realizar algo assim.

Azulada Clara disse...

Não sei se percebi muito bem o que querias dizer, Sir Viriato, mas no sonho eu não pensei muito. Toda esta análise foi feita depois. Aliás, o sonho está um pouco confuso na minha cabeça. Talvez daí a análise: para tentar perceber melhor o que aconteceu. E porque, não sei... foi um sonho um pouco estranho devido aos acontecimentos e ao meu papel em tudo aquilo.

Não que isto seja necessariamente um texto auto-biográfico. Invento muito do que escrevo, não te fies em nada do que leias aqui.

E tu, claro, podes concluir o que quiseres daqui. Não estava a tentar ensinar-te a pensar (porque não sou assim tão manipuladora!). E a interpretação de cada um acerca do que lê é apenas dele e não tem necessariamente que ver com a intenção do que a escreveu.

PS: É normal, acho, que notes semelhanças entre os meus posts e os da MN. Não que eu concorde bem contigo, mas somos todos influenciados pelo o que se passa à nossa volta. E escrevemos ambas no mesmo blog, certo?

PPS: Onde andam os meus antigos posts?

Sir Viriato disse...

Ahhh. Então escrever no Krudélia influencia o tipo de escrita... Ora aí está a razão. Obrigado pelo esclarecimento.

E sim, é verdade cada pessoa interpreta as coisas de maneira diferente, daí haver opiniões contrárias e erradas, porque se não forem iguais à minha estão mal. É pena por acaso, mas ao menos dá-me mais razão isto, e torna-me extremamente sensual e inteligente... Ou talvez não.

Mas é sempre giro ficar com fragmentos de sonho agarrados ao nosso pensamento, parece sempre uma salganhada e temos que tentar descortinar as coisas...

Azulada Clara disse...

Acho que sim.

Bem, eu não queria dizer que o Krudélia influencia o tipo de escrita. Mas não importa. Provavelmente eu e a MN não nos influenciamos tanto assim.

Maria Nariz disse...

LOOOL
Não percebo em que somos parecidas.
Mas tu és o leitor, a tua razão é tua e a minha razão é minha.
(Que lindo e tão sem sentido o que acabei de dizer: tipo o Iogurte não tem espinhas!)
Também vou comentar os teus comentários aos meus textos para ter mais criticas!
:)

Azulada Clara disse...

Oh. Eu gosto de responder às pessoas... A algumas, pelo menos.

Sir Viriato disse...

"Mas tu és o leitor, a tua razão é tua e a minha razão é minha.
(Que lindo e tão sem sentido o que acabei de dizer: tipo o Iogurte não tem espinhas!)"

Isso tem sentido. Apesar de errado. Devias ter dito "A tua razão é tua e minha se não for igual à tua está mal"

Uma coisa estar errada não está desprovida de sentido. É só estúpida no fim de contas...